Os seguidores das tendências de moda podem estar a optar por criações mais discretas, face ao contexto económico mundial, mas continuam a querer novidades nos seus armários, conforme referiram os especialistas em Milão, durante a semana da moda masculina. As marcas de luxo não foram poupadas pela crise do crédito e estão a adaptar-se a esta nova realidade.
«Tem havido uma mudança muito grande, nunca houve uma mudança tão rápida no consumo de moda», afirma Michele Norsa, presidente-executivo da Salvatore Ferragamo, após a apresentação da linha de vestuário masculina da marca, para a estação Outono-Inverno 2009/2010. «O aspecto positivo é que as pessoas ainda querem comprar, pode-se ver isso todos os dias na rua… nas lojas... existe uma maior atenção ao valor, a um produto que dure, à marca... existe atenção aos preços», acrescenta o responsável.
Os designers referem que a crise continua firmemente nos seus pensamentos, ficando longe dos excessos e preferindo artigos mais sóbrios. Em relação aos compradores, muitos afirmam que os clientes buscam criatividade e qualidade. Roberto Cavalli considera que as mulheres, em particular, ainda aspiram a artigos novos. «Há ainda o desejo de algo novo e para superar a crise é necessário grandes novidades, principalmente no vestuário feminino. Os homens não querem mudar muita coisa», declara o designer italiano. «A mulher poderá continuar a comprar a preços elevados, mas quer algo diferente».
A Michele Norsa afirma que as empresas precisam de saber como se adaptarem à mudança do ambiente económico. «Penso que, neste momento, a capacidade das empresas de reagirem rapidamente ao nível dos custos, da imagem, do produto... e também de saberem como interpretar (...) a disposição das pessoas, que querem algo simples e não excessivo, é fundamental em todos os níveis. E possibilita o sucesso para as empresas mais inteligentes», conclui o presidente-executivo da Salvatore Ferragamo.
In “Jornal Têxtil”